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Porque é que as Férias são essenciais para os Enfermeiros?

Em Portugal, os avanços e reveses da pandemia têm levado a grandes flutuações nos serviços dos hospitais. Atualmente, os prestadores de saúde têm assistido a uma maior procura face ao aumento de casos daquela que já é tida como a quarta vaga de Covid-19. 

Mas, como ficam os profissionais de saúde no meio de tudo isto? Com vários meses de trabalho intensivo, stress e desgaste a acumular-se, médicos, enfermeiros e todas as equipas que prestam apoio em instituições de saúde vêem-se em risco de não poder gozar férias em 2021. 

Num período tão crítico como este, falar em férias pode parecer uma frivolidade. No entanto, a realidade é que os profissionais de saúde, como os médicos e enfermeiros, têm uma profissão que deles exige uma claridade mental aguçada e uma grande capacidade física e empática face aos seus pacientes e famílias. 

Se num período normal, um enfermeiro já tem que lidar com um grande número de pacientes e dividir-se entre vários assuntos ao mesmo tempo, imagine-se durante este período de pandemia. São turnos longos, de noite ou de dia, muito exigentes do ponto de vista físico e mental. Por isso, é muito importante que os profissionais de saúde possam gozar de um período de férias para recarregar baterias. 

Por vezes, são os próprios enfermeiros que sentem dificuldade em parar. Estes profissionais excedem-se e ultrapassam os seus limites todos os dias, e sendo a empatia uma das soft skills que os diferencia, podem sentir que estão a ‘abandonar’ os seus pacientes e equipas numa altura de grandes dificuldades.

No entanto, nunca nos podemos esquecer que é impossível dar o nosso melhor se não estivermos nas nossas capacidades plenas. Por isso, as pausas e o descanso são muito importantes. Os enfermeiros que lidam com grandes níveis de stress no trabalho são mais propensos a cometer erros de medicação, não se sentem envolvidos no trabalho, têm uma maior rotatividade e o seu trabalho pode impactar negativamente os pacientes.

Em casos mais extremos, os profissionais de saúde que lidam (de forma direta ou indireta) com situações como a morte, doenças graves ou outras que afetam a moral de forma significativa podem desenvolver sintomas de Stress Traumático Secundário (STS), também conhecido como Fadiga de Compaixão. Alguns destes sintomas podem incluir irritabilidade, dificuldades de concentração e o evitar de situações stressantes no trabalho. Quando não tratados, estes sintomas podem levar a situações de Stress Pós-Traumático.

Ir de férias é, assim, essencial para reduzir estes níveis de stress e prevenir o burnout. Mas ir de férias não pode significar apenas estar ausente do local do trabalho. Quando tira férias, um enfermeiro deve estabelecer limites para si mesmo, de forma a não se dedicar a tarefas relacionadas com o trabalho, como por exemplo, ler e responder a e-mails. 

Assim, para além de se ausentar do espaço físico de trabalho, deve também estar noutro local mentalmente. Deixe completamente de lado o multi-tasking, os deadlines e a correria do dia-a-dia. Os enfermeiros estão habituados a ter que fazer planos, por isso, escolher umas férias menos planeadas (ou que sejam planeadas por outra pessoa) vão ajudá-lo a relaxar por completo durante uns merecidos dias de descanso.